Umbigo de Eros

Te convido para sentar no sofá vermelho de Eros... Vamos escarafunchar os Umbigos!

O resultado do que vai acontecer daqui a pouco será decisivo pra mim, em termos de trabalho... Tudo tem que ser resolvido hoje senão... O prazo é rígido, e se não for cumprido, já era. É sempre assim no final do ano, por pura incompetência alheia, da qual ficamos à mercê. Isso que dá depender do governo.

Até o fim do dia saberei o resultado, positivo ou negativo, de uma tramitação que perpassa vários níveis de burocracia externos e internos. Se a internet ou celulares derem pau, pode ser fatal. Carro enguiçar? Meudeus! Acidente de trânsito, motorista bêbado recém saído de almoço de confraternização?  E se um técnico do sistema demorar um pouco mais pra voltar do almoço? E se alguém esquecer o celular e demorar um pouco mais pra repassar uma informação vital? E se o cartório não cumprir o prazo de entrega do documento? E se a pessoa que tem que assinar tudo tiver um problema pessoal e ficar indisponível?  Uma pequena bola de neve de atrasos, que foge totalmente ao nosso controle, e pode acabar com tudo.

Uma imensa rede de pequenos acontecimentos e esse monte de gente, a maioria totalmente desconhecida, envolvida no meu destino! É uma loucura total e, ao mesmo tempo, normal. Foi sempre assim. O futuro vai sendo tecido no aqui e agora, por várias mãos, corações e mentes. Mesmo em se tratando da minha própria vida, acho que no fim das contas, não tenho menor ou maior parcela de responsabilidade... Livre arbítrio? Liberdade? Já não sei de mais nada. A única certeza que tenho é a de que o modo como lido comigo mesma nessas horas decisivas faz toda a diferença pra minha saúde. Se eu sucumbir, já era!

Sucumbir significa deixar-me levar pela ansiedade, fazendo crescer a bola de neve do stress. E então, fragilizada e amedrontada, minha mente seria tomada por imagens negativas, gerando tensão muscular crescente. Irritada, eu mudaria automaticamente o tom de voz pra algo esganiçado e raivoso. E seria tomada pela raiva, como uma espécie de escudo que dá ilusão de força. Sem ela, eu desabaria a chorar e não conseguiria fazer mais nada, o que seria o caos pra todo o processo em andamento. Então a raiva permaneceria. E qualquer pessoa que cruzasse o meu caminho nessa circunstância seria alvo e levaria bala. E assim, no fim do dia, mesmo que a resposta seja positiva, eu nem conseguiria comemorar devido à tanta tensão acumulada. Já passei muito por situações onde reagi desse jeitinho! Não vale nenhum pouco a pena. É, viva a maturidade, e a meditação, claro!

Tô aqui, super serena diante da situação, confiante de que seja lá o que aconteça, eu vou sobreviver. E se a resposta for negativa, outras possibilidades aparecerão, nunca no tempo que esperamos, eu já sei. Enfim, a vida é feita de altos e baixos, e, interessante tem sido manter-me centrada em qualquer situação, sem subir ás alturas quando tudo vai muito bem, e nem descer na lama, quando tudo vai mal. Às vezes, sucumbo geral... Enfim, sigo feito Alice, no país das maravilhas, buscando não apenas o meu tamanho verdadeiro, mas manter-me nele, ou fiel a ele, em qualquer situação.

Namastê  

Anasha
Texto escrito em 28/12/2011

Hoje me chegaram coisas subversivas: Flashes da festa de sexta-feira (Festa é ritual que tem um super poder de subversão, ás vezes, desperdiçado. Não foi o caso, gracias a la vida!); “A molécula do espírito”, documentário sobre uma molécula que há nos seres vivos relacionada a experiências espirituais e com a qual se criou uma nova droga; um vídeo do Tom Zé falando do refrão do funk “Tô ficando atoladinha” onde cita que 68% das alunas da USP não gozam, e que o refrão é educativo, reflexivo/elucidativo sei lá... Tom Zé criativamente vivo e subversivo aos 70 e poucos... 

Os shows do músico cubano Alain Pérez também são pura subversão. E olha que só vi alguns em vídeo e foi sempre arrebatador. Me dá um desconcerto ver tamanha entrega, tanta volúpia esparramada... Ele parece tomado de uma força superior, quebrando regras, criando ao vivo, pervertendo... Aciona a memória atávica da mesma força em mim, também inenarrável... Enfim, subversão: Ação ou efeito de subverter; prática de atos subversivos; revolta, insubordinação contra a autoridade, as instituições, as leis e os princípios estabelecidos.

Dos sinônimos possíveis - desobediência, indisciplina, insubmissão, insubordinação e rebelião - insubmissão traduz meu modo de ver a coisa. Não estar submisso a nada nem ninguém, seguir a bússola da alma... Nada a ver com rebeldia. Osho falava muito disso. Outro subversivo genial! Todos nós já vivemos ou sentimos essa força em nós, em momentos onde fomos extremamente contra o estabelecido, não por rebeldia, mas por necessidade profunda, liberdade ontológica! Quando a Verdade toma a cena sem medidas. Dançar, meditar, transar, podem desencadear isso... E tantas outras experiências, talvez algumas nem catalogadas ainda.


Conhecer gente e, em tempo real, fazer o exercício do não-julgamento, é subversão. Julgar é estar submisso a algo bem restrito, limitado e impeditivo. O julgamento impede o novo. Abafa o novo. O amor é subversivo. Nos sinto quase que perdendo o contato com sua capacidade revolucionária... O beijo também é pura subversão, ainda. Assim como afeto, carinho, sexo quando expressos livremente. O silêncio também. Invejo os silenciosos. Quando naturalmente silenciosa alcanço algo novo, e muito velho em mim, em nós, no mundo. Mas confesso, ainda, o tal medo. Você tem medo de que? Eu? De subverter-me...

Me lembrei agora do avesso da subversão: a submissão total, a algo negativo, claro. Como alguém que se mantém cegamente apaixonado por um outro que não lhe considera em nada, não lhe quer, lhe trata mal até. Como perdemos totalmente a consciência, o senso de dignidade? De repente, sucumbimos. Em variados graus, todos nós já sucumbimos. Quando nossa força interior nos abandona... Vai pra onde? No seu lugar fica prisão, restrição, sofrimento. Escolhidos. E como esse algo forte em nós permite isso? Existe submissão boa? Submissão a algo que eleva, engrandece? 

Enfim, a vida segue lindamente louca e cruelmente amorosa. E eu sigo amando gente subversiva, mestres que nos lembram da substância de que somos feitos. Subversão é a essência da alma. Desculpem mas cito pela miléssima vez o livro “A Alma imoral” do qual a atriz Clarice Neskier criou um monólogo genial, e necessário. Sem subversão a alma sufoca!

Links associados:
Tom Zé e o refrão de “Tô ficando atoladinha!” 
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=E5Wc0iXAOVQ#!
Filme “A molécula do espírito”.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=7q9gq9usxiU
O cubano Alain Pérez, sempre improvisando e levando seus músicos junto 
http://www.youtube.com/v/nSerlwxruKo&fs=1&source=uds&autoplay=1
Filme “Sem limites”
http://www.youtube.com/watch?v=JMU_ksS3fq4

Um beijo, pretensamente subversivo, já que amoroso, onde você quiser...

Namastê
Anasha


Amanheci com uma ressaca meio existencialista... Pensando muito nas questões levantadas ontem na mesa do bar, mas principalmente nas pessoas ali, e no modo próprio e, certamente construído à duras penas, como cada uma gerencia sua própria vida, seus dramas pessoais, os momentos de crise e os de calmaria... A mesa misturava gente que amo e conheço de tempos, pessoas que entraram agora na minha vida e gente que conheci ali, na hora. Daí talvez, a diversidade e riqueza dos temas em pauta. Pra melhorar, falávamos várias línguas já que havia um espanhol e um português à mesa, o que deu um tempero especial a tudo.  

E o bar, ainda trouxe aparições especialíssimas e que também rechearam a experiência. Primeiro um ex namorado, com quem falei pela primeira vez após nosso término nada agradável. Ocasião sempre reveladora e libertadora porque permite o novo! (Se não ficarmos bem agarrados ao que já passou, claro.) A página virou assim como a desavença. Puta presente sentir que o desapego aos pequenos conflitos desnecessários é possível. E segundo, um contemporâneo do Instituto de Artes na UnB, artista plástico de primeira, mas que vive um terrível momento de auto-destruição. Difícil julgar e também imaginar os percalços pelos quais ele passou pra ter chegado até o ponto de perder completamente o domínio sobre a própria vida. Domínio? Temos mesmo algum? E mesmo se tivermos, sabemos, existe algo que nos foge ao controle, muitas vezes (sempre?). O que é Isso? É algo inesperado que chega mudando rumos e muitas vezes, nos tirando o remo das mãos. E o barquinho corre por si e nosso livre arbítrio vai pras cucuias... De onde vem esse inesperado? Quem nos manda Isso? Deus cê tá aí? Natureza, foi você? Inconsciente, sempre tu?  

Penso na política e no quanto desacredito em tudo o que vejo acontecendo. Mais do que nunca só a micropolítica faz sentido, o indivíduo esforçando-se pra ser feliz, em primeiro lugar e mais do que tudo. Focado no que lhe deixa feliz, no que vale a pena... Imagine um mundo cheio de gente feliz? Essa é a grande revolução!  Mas pra isso a educação tem que ser outra, priorizar o amor, a diversidade, o respeito, a escuta... A escuta... Que coisa difícil, ouvir verdadeiramente o outro, perceber suas demandas, considerá-las... Como nos livrar dos ruídos pra escutar a canção da vida? A canção do amor que toca sempre que cruzamos com outro ser humano?

Mas micropolítica não tem nada a ver com egocentrismo e alienação, pelo contrário, acho que pressupõe um estar em si conectado com o outro, com o mundo. O egocêntrico só vê a si mesmo, só escuta a si mesmo, é quase doença... Acho que todos nós temos certo nível de egocentrismo, que vamos trabalhando ao longo da vida, ou não. Penso no discurso praguejado contra os homens, que aponta suas falhas e dificuldades, culpabilizando-os pelo fracasso das relações e do mundo... E outros tantos discursos generalizadores e impeditivos que funcionam como sentença de morte pra qualquer mudança real. Mas nosso eggs (que de tão metido acha que vale por dois e tem que ser escrito em inglês que é mais chique!), esse bichinho carente que nos move, precisa dos discursos alheios pra se dar valor. O pobrezinho não sabe que o verdadeiro discurso é individual e ditado pela voz da alma, que já dizia Nilton Bonder, é imoral!

Me vejo repetindo discursos, crenças, pensamentos e de repente, percebo que nenhum deles me representa. O discurso individual é dinâmico, maleável, em constante mudança, discurso vivo! Aquela mesa de bar – também divã, templo, ritual, festa, encontro, regozijo - me fez atualizar-me de mim mesma, refletir sobre meu discurso ... Ali me vi diferente, outra, embora a mesma. Senti na nuca o bafo quente da minha amplidão interior, da liberdade possível, e que me habita lá nos confins...

Penso no Tempo, no amadurecer e também no envelhecer... Difícil envelhecer e não devia ser. Faz parte da vida, sempre soubemos que acontece, sempre aconteceu, e ainda assim dói ver o corpo perdendo o viço... Não devíamos ser tão sensíveis a isso, nos tira muita energia. Questão de educação também? Penso em gente que morre, assim, de repente, na flor da idade... O que traz imediatamente a pergunta: O que é realmente essencial? O que é supérfluo? Só a presença da morte traz essa percepção tão aguda... E que logo passa com a primeira ilusão que nos cruza o caminho. E de novo, esquecemos, e de novo, perdemos tempo com coisas inúteis, jogando vida fora... A presença da morte nos é vital, talvez seja nossa maior professora... Tudo morre: as relações, o corpo, os pensamentos, a infância, ontem, agora... Tudo morre, mas se transforma em outras coisas... Ali naquela mesa de bar...   

Meu imenso agradecimento ao Luís, Sal, Jok, Ana, Noêmia e Ribamar, presentes na mesa e cúmplices de um regozijo ímpar!

Namastê

Anasha

Conhecer gente é uma das coisas que, hoje, me dão mais prazer! Caras novas, papos novos, me enchem de entusiasmo! Na infância e na adolescência, tudo converge pra isso, mas à medida que amadurecemos, vamos criando indisponibilidades, sem perceber. Claro que pra fazer amizade o tempo ajuda, mas se houver abertura, de uma hora pra outra, aquela pessoa tão recente na sua vida se faz próxima. Pensando nisso e no prazer que dá conhecer novas pessoas, resolvi listar as indisponibilidades mais freqüentes, pelo menos comigo. Se souberem de outras situações e atitudes dificultosas ao contato, me enviem, por favor. 


Antes de começar queria lembrar que somos heterosociais. Homens e mulheres podem ser amigos sem maiores intenções, uai. Tem gente que não consegue ver como amigo(a) alguém do sexo oposto, parte logo pra azaração. E quando percebe que não vai dar em nada, ignora solenemente a presa. Ai que preguiça! 


Enfim, a lista pode ficar com cara de livro de auto-ajuda mas, vamo lá:

1. A primeira impressão é a que fica. Uma feição séria, em geral, é tida como mal humorada, ranzinza, o que, naturalmente afasta o contato. Respirar e relaxar os músculos faciais pode ser umas...;

2. A timidez ou o recolhimento gerado pelo desconforto de não conhecer ninguém num determinado lugar, nos faz evitar o olhar do outro ou virar o rosto, o que também pode ser lido como falta de educação ou arrogância. Respeitar a timidez, claro, mas mantendo o olhar acessível pode ajudar;

3. Num primeiro contato, se a primeira coisa que se diz é algo negativo, já gera um distanciamento. Essa vale pra vida toda, já que sabemos, o positivo tem muito mais força que o negativo. Aprendi, recentemente, por exemplo, que criticar, sem apontar uma sugestão/solução é apenas jogar merda no ventilador;

4. Algumas vezes emitimos opiniões muito rígidas e panfletárias, como meio, até inconsciente, de nos mostrarmos maiores do que na verdade, estamos nos sentindo naquele momento. Essa situação me deixa, depois, com uma puta ressaca moral;

5. O preconceito também gera uma falsa sensação de superioridade, tipo: Essa pessoa é muito nova, sem conhecimento! Ou então essa pessoa é muito velha, careta! Gente é gente, e o que nos torna interessantes vai muito além de credo, cor, idade,  e o que aproxima está nos pequenos detalhes;

6.Outro lance super frequente comigo, é encontrar alguém que eu conheço, de alguma situação anterior mas que, quando encontro, não sei se me reconhece. Como a pessoa não fala comigo... ficamos assim. Essa tô penando pra mudar e tentando dizer logo "Oi!" e pronto!. O outro pode não responder,mas a gente sobrevive a isso.

 Bom dia e boa tarde, além de serem coisas bem legais de se desejar, podem quebrar o gelo e favorecer a aproximação. Pode ainda haver influência dos astros, dos hormônios, do humor e sei lá mais o quê, nas nossas indisponibilidades e mesmo nas disponibilidades. Só sei que conhecer gente nova tem me feito um bem danado, e tô bem ligada pra facilitar a parada.

Namastê 
Anasha 

       "A tarefa metafísica do homem consiste na contínua ampliação da consciência
       em geral, e seu destino como indivíduo, na criação da consciência individual. 
                                       É a consciência que dá significado ao mundo". 
                                                                                 Jung

Mas que diabos é isso? Calmaê, que talvez o texto se explique. Ou não.

Tive um surto transformador, o segundo de que nitidamente me lembro porque estava bem consciente. Assisti a um vídeo onde o cara falava das dores e doenças corporais como criações da própria mente. Até aí tudo bem, a psicossomática e outras tantas já tinham cantado a pedra. Mas o sujeito colocou como ponto nevrálgico da questão, a raiva, a raiva não expressa, ponto. Isso já mexeu comigo, uma raivosa de carteirinha!

Numa ordem de importância, ele coloca a raiva não expressa na infância como a mais relevante, seguida da raiva causada pelo nosso próprio auto-aporrinhamento mental (cobranças de perfeição, de sucesso, beleza, gozo etc, etc) e por último, o stress. Esse, em geral, considerado a principal causa das queixas físicas, mas segundo ele, a menos importante.

Enquanto eu ouvia o cara, a dor no meu braço direito, amiga quase que diária (proveniente de uma hérnia de discos na cervical que isso e aquilo), parecia aumentar... Essa minha mente super sugestionável, graçasaossdeuses, se abalou com a teoria. Moral da história: Foi me dando um trem, foram chegando umas memórias antigas, de fatos nada agradáveis da minha infância, e nos quais, eu senti raiva, muita raiva, mas segurei. A raiva foi me tomando, e quando vi, tava berrando, estrebuchando, o corpo todo surtando... Meu observador interno tava atento, ligado na parada... Enquanto o corpo profundamente colapsava de raiva. Passado o clímax, pus-me a chorar, enquanto minhas mãos naturalmente iam me acarinhando inteira. Passada a catarse, havia desaparecido a dor no braço e eu me sentia cheia de alegria e disposição!

E à noite, não conseguia dormir, agitada, pensando na experiência. Foi quando então, tive outra epifania, essa elucidativa e redentora: consegui encontrar a solução para três grandes questões que eu carregava a alguns anos, e que me vieram assim, num lampejo. Questões pessoais e existenciais vitais pra mim e que vinham me tirando a energia a muito tempo. E eu ria, ria, achando graça de não ter encontrado aquelas saídas antes. Concluí, lembrando que a busca de sentido e significado é algo sempre pessoal, que aquele surto de raiva havia desentupido alguns canais da minha mente. 

Queridos leitores(as), não concluam que devam os senhores e senhoras agora também entrar em surto catártico. Nada disso! O que eu saquei, na veia, foi o poder da mente (e do corpo também). Já sofri e briguei por me achar racional demais. De fato, eu sou mesmo, o que às vezes pode ser irritante, mas também poderosamente saudável, já que consigo, por exemplo, ter uma experiência como a narrada acima simplesmente porque a teoria do cara fez todo o sentido pra minha mente racional e eu entrei na onda, afinal "é a consciência que dá significado ao mundo".

Se criamos as doenças, e os senhores e senhoras tem todo o direito de não acreditar nessa abordagem, acreditem, temos o poder de nos transformar, seja do modo que for. Cada um vai descobrir sua forma de epifania curativa. O que importa, caríssimos, é encarar as emoções. Depois desse dia, sempre que sinto alguma dor, entro na raiva, o corpo dá uma estribuchada e a dor passa... Minha mente gostou desse caminho, acreditou nele, tirou-lhe um significado... Pra outros nada disso fará o mínimo sentido, porque somos assim, diferentes, graçasaosdeuses.

Se você sentiu vontade de chorar e não chorou, teve vontade de gritar e não gritou e sei lá mais o que, pra onde vai tudo isso não expresso? No mínimo vira tensão, dor de cabeça! Tá cheio de meleca no nariz e ao invés de botar pra fora, joga pra dentro? Meleca, coco, xixi, raiva, tem que sair, não entrar.

Mas não concluam agora que devem os senhores e senhoras entrar no congresso espancando os parlamentares, botando a raiva pra fora (dá vontade né?) nem no seu chefe, amigo, filho sei lá. Nada disso! O outro não está no jogo, pelo menos nesse momento. Importa descobrir como escoar a emoção, sem sufocá-la. Uns vão correr, outros escrever, outros ainda dançar, estribuchar feito eu... Investigaê, no mínimo você se conhece melhor.

Segue os links da entrevista de Jorge Pontual, pela Globo News, com o fisiatra John Sarno sobre o papel das emoções na criação das dores físicas, o pivô de tantas epifanias!
http://www.youtube.com/watch?v=PAF0mMFMLzQ


Fui... Estribuchar!

Namastê 
Anasha


O Templo de Afrodite - deusa temperamental, 
Fogosa, muita linda, louca e amorosa -
Guarda os segredos mais profundos
Da arte de se habitar um corpo 
Com seios, ventre e vagina
Lugar de aprendizados pra toda mulher
Pra toda menina! 

As pessoas quando perdidas, sem graça, sem vida
Vão até lá, depositar orações e oferendas em seu altar.
Sua sacerdotisa, a prostituta sagrada
É moça virgem iniciada
Ela aprende que seu corpo é sagrado
Que espiritualidade não tem a ver com religião
Que amor não tem a ver com dependência
Nem beleza com vaidade,
E muito menos sexo com sacanagem
Ela experimenta o amor em sua essência transcendental
O que só é possível porque antes do Outro aparecer
Ela reconheceu seu corpo e seu prazer. 

O homem comum, cansado da vida, cheio de feridas,
Descrente do amor, que perdeu o gosto pela vida
Sabe que só Afrodite pode lhe acordar o apetite!
A sacerdotisa, mocinha iniciada,
Recebe esse Estranho, numa alcova escondida
Entoa cantos  enquanto o banha com devoção
E lhe conta que está ali pra cumprir a lei da terra
A lei do coração

Depois dança com olhos fogosos, corpo acelerado
Mostrando ao homem seu desejo inebriado
Ele, bem tratado com amor e cuidado
Tem sua alma machucada, curada... 
Seus nomes e identidades não importam
Ninguém sabe.
Vale promover a troca, a reunião
Do que parece oposto 
Mas é o avesso da mesma porção

Iniciada na beleza de seu corpo 
E de sua sexualidade
A sacerdotisa perde a virgindade!
Ritual transformador
A mulher foi admirada, acolhida, amada
E sua verdadeira natureza despertada!
O Estranho compreendeu a imagem da sacerdotisa
E acolheu em si as qualidades da natureza feminina
Honraram, dentro e fora, o masculino e o feminino
E se libertaram pro amor divino!
E ela, agora mulher, está pronta pra escolher
O homem que bem quiser!
O homem comum, cansado da vida, cheio de feridas, descrente do amor, que perdeu o gosto pela vida, sabe que só Afrodite pode lhe acordar o apetite! A sacerdotisa, mocinha iniciada, recebe esse Estranho, numa alcova escondida, entoa cantos  enquanto o banha com devoção e lhe conta que está ali pra cumprir a lei da terra, a lei do coração. Depois dança com olhos fogosos e corpo acelerado mostrando ao homem seu desejo inebriado. Ele, bem tratado com amor e cuidado, tem sua alma machucada, curada...  Seus nomes e identidades não importam, ninguém sabe. Vale promover a troca, a reunião do que parece oposto mas é o avesso da mesma porção. Iniciada na beleza de seu corpo e de sua sexualidade, a sacerdotisa perde a virgindade!

Ritual transformador: A mulher foi admirada, acolhida, amada e sua verdadeira natureza despertada! O Estranho compreendeu a imagem da sacerdotisa e acolheu em si as qualidades da natureza feminina. Honraram, dentro e fora, o masculino e o feminino e se libertaram pro amor divino! E ela, agora, mulher, está pronta pra escolher o homem que bem quiser! 

Namastê
Anasha

21.10.11

De saco cheio!

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E mulher tem saco? Tem sim senhor! No mínimo os sacos lacrimais, e juro, os meus tão cheios! Sendo mulher tenho a sagrada capacidade de chorar de alegria, de tristeza, de raiva, de inveja, de dor, de tesão, de medo, de amor, de gratidão, de plenitude... Temos choro pra tudo! No entanto, o danado ainda não desceu... Acho que tô sofrendo de TPC – Tensão pré-choro... Meu saco tá por um fio! 2011 tem sido um ano forte, de aprendizados, de desapegos, de novos entendimentos e percepções... Olho pra trás e me emociono quando penso que sobrevivi a altos e baixos super radicais e que cresci com tudo isso. É bonito reparar no próprio crescimento... E já sinto aquela cosquinha na alma do choro chegando... Ah, alarme falso!

Hoje meu filho me explicando que é ateu, encheu mais ainda meu saco de lágrimas. No auge da sua adolescência, ele me mostra sua vontade, sua força, seu desejo de fazer diferente, e cheio das explicações super interessantes... É de uma boniteza sem fim... O povo rindo das minhas palhaçadas em cena... Eu acordando as 6h30 da manhã, num puta frio, com a bike mais velha e pesada do mundo, pra ir pra yoga... Almoçar com gente querida na minha cozinha comendo uma comidinha boa que só...  As peias que tenho tido com os taxis nessa nossa ilha-cidade... O ataque dos insetos primaveris... Um conto que li hoje de um menino que queria ser um ipê pra casar com uma buganvília... Não tenho palavras diante dessas grandiosas pequenezas do cotidiano, só lágrimas de gratidão...

Talvez, a dificuldade do ano esteja de fundo, aí, no desapego de um modo de viver pautado nos grandes acontecimentos, e no vício de elaborá-los, planejá-los, aguardá-los e vivê-los... Como se fosse possível! Grandiosíssimos acontecimentos, que quando terminam deixam uma sensação de vazio... Enfim, as pequenices grandiosas começam a me tomar, e me pego suspirando diante de cada coisa... Acho que tô apaixonada pelo minúsculo mundo que nos rodeia mas, que, na maioria das vezes, não percebemos...  

Foto tirada num banheiro nos confins do Piauí. Poesia do dia a dia!


Mas tenho certeza que o meu saco (lacrimal) tá cheio também de lágrimas de vergonha, de desilusão e de indignação pelos absurdos da raça humana: Os índios sendo expulsos do cerrado pra construção de prédios milionários, a corrupção, a bandidagem e total falta de vergonha na cara dos políticos brasileiros... Falar nisso, acabo de me lembrar de uma história super chorável. Um amigo bonequeiro teve seu carro roubado, com os bonecos dentro e uns papéis da campanha que está fazendo pra arrecadar verba pro tratamento a que terá que ser submetido seu filhinho. Enfim, o ladrão, vendo tudo isso no carro, ligou pro meu amigo e disse mais ou menos assim: “Olha, eu roubei o seu carro, mas decidi te devolver com as suas coisas dentro. Mas como, afinal de contas, eu sou um ladrão, vou ficar com o som, tá?”. Coisa mais linda, bandido ético! Tem muito que ensinar aos nossos políticos...


Lembrei de outra história linda de chorar, que também me enche de lágrimas diante da boniteza: O casamento da mãe de uma amiga com um cara 30 anos mais novo do que ela. Conheço os dois, que já namoravam há oito anos. A gente vê no rosto e no jeitinho deles o amor... Amor mesmo, não esse pacote de ilusão que estão nos vendendo hoje, num bombardeio de imagens de beleza, juventude, força e sei lá mais o que. Estão nos faltando exemplos de amor assim, mas que los hay, los hay.


Enfim, me sinto no início das contrações do trabalho de parto de um choro ontológico, que guarda em si, os sabores de todos os choros já chorados.

Namastê
Anasha


Fui dormir matutando sobre a neurose nossa de todo dia, especialmente aquela que aparece quando estamos num relacionamento amoroso. Acho até que sonhei com isso... E acordei pensando em Jung e, em como, certas relações exemplificam seus conceitos. Mas ainda sigo pensando que tem gente de neurose freudiana, outros neurose lacaniana, reichiana... A minha é bem junguiana, creio ou desejo.

Se Jung tivesse vivo acho que sua teoria teria mudado muito. De todo modo, seus conceitos ainda nos são bem atuais no escarafunchar de nossas neuroses. Anima e Animus são um exemplo. A Anima seria o componente feminino na personalidade de um homem e o Animus o componente masculino numa personalidade de mulher, palavras que vem do latim animare - animar, avivar. São aspectos vitais e inconscientes da nossa personalidade. Quando são ativados tendemos a projetá-los sobre alguém, inconscientemente. Daí eles estarem presentes em sonhos, mitos, contos de fadas, na literatura mundial, e claro, nos vários fenômenos do comportamento humano. São como deuses e deusas, que guardam aspectos positivos e negativos, podendo tanto beneficiar quanto nos causar mal.

É bom lembrar que o ego se identifica com a qualidade masculina ou feminina do corpo, enquanto Anima e Animus são uma função do inconsciente, daí a dificuldade em lidar com eles. Quando estamos apaixonados isso é nítido, pra quem vê de fora, claro! A mulher projeta no homem o melhor do seu homem interior, que ela ainda não reconhece em si, seu lado heróico, corajoso, justo, guerreiro, guia espiritual etc e tal, e se apaixona (por si mesma, sem saber). O homem se torna mais importante do que tudo na vida dela que passa a ser a mariposa voando em torno da sua chama. Assim, sua própria chama criativa se perde, se desloca pro outro. O homem apaixonado, por sua vez, projeta na mulher sua sensibilidade, suas emoções, seus afetos e se apaixona por tudo isso, que de fundo, está dentro dele.

No entanto, aos poucos, a imagem idealizada do parcerio (a) vai sendo tomada de realidade, e os defeitos e dificuldades dele(a) vão ficando claros, afinal ambos são humanos e não Deuses. A imagem idealizada cai por terra! Esse é o momento crucial, onde um relacionamento verdadeiro pode florescer e se transformar numa relação madura de amor. Infelizmente esse é também o ponto onde muitos desistem, viciados que estão no véu de maia da paixão! Seguem buscando nova relação e nunca passam dessa fase inicial que se repete vida à fora num looping cansativo e infantilizado.

Indignada com o homem real, a mulher é tomada do Animus negativo sendo possuída por opiniões, conceitos, afirmações críticas, certezas generalizadoras, impessoais, frias, toscas e que irritam profundamente qualquer mortal. Uma lógica masculina inferior, um macho bem baixo nível a toma! E assim o Animus negativo rouba da mulher sua criatividade, já que toda essa crítica voraz é também auto-crítica impeditiva. Qualquer lampejo criativo é logo reprimido e questionado pelo Animus. “Pra que fazer isso? Não vai te levar a nada! Você não vai conseguir mesmo!”. Entretanto, o junguianao John Stanford afirma que 85% dos ataques de Animus constitui um apelo disfarçado ao amor, embora, infelizmente, produza o efeito contrário, e afaste o parceiro. Seria um modo desesperado e cobrador de pedir amor que só afasta o outro.

Ao mesmo tempo, no homem, um aborrecimento não manifesto diretamente é captado pela Anima que o transforma em ressentimento. Um homem melindrado, que dá chiliques, se magoa por qualquer coisa, num humor hiper sensível está tomado pela Anima negativa! Pra sair dessa vibe o homem deve expressar o que sente diretamente no relacionamento. Mas muitos homens não o fazem, preferem se isolar, se vitimizar, o negar e fugir à relação, que pede contato, interesse, esforço, diálogo, senão sucumbe. Dizer “tal coisa me magoou” parece impossível. Expressar sentimentos ainda é um grande desafio para muitos homens, talvez o legado negativo que carregam do patriarcalismo. Quando um homem renega seus sentimentos, não consegue falar deles, vive evitando encontros de cunho emocional com outras pessoas, ele se transforma num mal humorado crônico, numa pessoa ressentida ou num homem manipulado e arruinado pela Anima, estando também dominado pela Mãe (enquanto arquétipo).

O que o homem não sabe é que quando uma mulher gosta mesmo de um homem, ela não irá rejeitá-lo porque ele manifesta raiva ou outra emoção forte, pelo contrário, ela percebe que o relacionamento significa algo pra ele, já que houve ali uma autêntica resposta emocional.  

“A ira de um homem pode representar sua reação saudável contra a dominação, e essa espécie de indignação a mulher ficará feliz de receber, pois reconhecerá e respeitará nela a força de seu homem, e libertar-se-á de sua tendência instintiva de dominá-lo. É como se dissesse: ”Chegamos ao ponto que eu queria. Agora posso parar de dominá-lo porque ele se tornou ele mesmo”.
E quer saber? Se você se identifica com algumas das questões abordadas acima, corre atrás de sair dessa. É super possível. Hoje não cabe mais o velho preconceito de que terapia é coisa pra doido. Todo mundo devia fazer e a vida nossa de todo dia seria bem mais fácil. E também não venha dizer que é caro. Hoje todo plano de saúde tem e mais, muitas faculdades de psicologia oferecem atendimento gratuito.

Texto inspirado no livro “Os parceiros invisíveis” de John A. Sanford.

Fui... Pra terapia!

Namastê
Anasha