Umbigo de Eros

Te convido para sentar no sofá vermelho de Eros... Vamos escarafunchar os Umbigos!


Era um dia deliciosamente tranqüilo. A mulher foi tomar banho, sem nenhuma preocupação, nenhuminha siquer. Nossa, a quanto tempo não se sentia assim? Curtiu aquele banho como um presente: deixou a água morninha, escolheu um xampu bem cheiroso, o creme... Finalmente havia chegado o dia de usar aquele creme de banho caríssimo. Riu de si mesma, dessa mania boba de guardar as coisas boas prum momento especial. Não que esse não fosse um deles, mas porque nesse dia, percebeu que todos os momentos o são. E seguiu debaixo daquela água morna, cantarolando uma cantiga inventada ali mesmo.

Foi passando o creme no corpo, apalpando sua pele com carinho, sem pressa. Viu-se cuidando de si mesma e de novo sorriu, feliz. Mas no passa a mão aqui passa acolá, sentiu uma feridinha perto dos pelos púbicos. Dobrou-se e levou a cabeça mais perto dali. Ah, besteira, era só um pelinho encravado! No entanto, na lenta subida de volta, levou um susto: seu umbigo estava imundo! “Meudeus, a quanto tempo eu não olho pra ele”. Pegou um cotonete e pôs-se a limpar delicadamente a região.

Era um umbigo fundo, bonitinho, mas fundo. Lembrou de outros umbigos que já vira e definitivamente o seu era fundo. Cutucou, limpou, e ficou ali, curvada, absorta, observando aquela buraquinho tão intrigante, cheio de pregas. “Ele tá preso onde? Mas que parece uma costura mal acabada, parece. Ou um nó mal dado”. Foi olhando, olhando, e não é que o dito cujo foi ficando cada vez mais fundo, mais fundo, mais fundo... E numa espécie de sucção, o umbigo pôs-se a engolir o próprio corpo...

No final do banho, a água ainda escorria morna e no piso do box jazia o umbigo, largado, pequeno, esquisito. Rolou pelo ralo e sumiu. A polícia taí, investigando pra descobrir onde raios foi parar a mulher que sumiu. Só eu sei o que aconteceu, mas não vou contar. Ninguém vai acreditar mesmo. Então deixa a polícia trabalhar, né não?