Umbigo de Eros

Te convido para sentar no sofá vermelho de Eros... Vamos escarafunchar os Umbigos!

21.10.11

De saco cheio!

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E mulher tem saco? Tem sim senhor! No mínimo os sacos lacrimais, e juro, os meus tão cheios! Sendo mulher tenho a sagrada capacidade de chorar de alegria, de tristeza, de raiva, de inveja, de dor, de tesão, de medo, de amor, de gratidão, de plenitude... Temos choro pra tudo! No entanto, o danado ainda não desceu... Acho que tô sofrendo de TPC – Tensão pré-choro... Meu saco tá por um fio! 2011 tem sido um ano forte, de aprendizados, de desapegos, de novos entendimentos e percepções... Olho pra trás e me emociono quando penso que sobrevivi a altos e baixos super radicais e que cresci com tudo isso. É bonito reparar no próprio crescimento... E já sinto aquela cosquinha na alma do choro chegando... Ah, alarme falso!

Hoje meu filho me explicando que é ateu, encheu mais ainda meu saco de lágrimas. No auge da sua adolescência, ele me mostra sua vontade, sua força, seu desejo de fazer diferente, e cheio das explicações super interessantes... É de uma boniteza sem fim... O povo rindo das minhas palhaçadas em cena... Eu acordando as 6h30 da manhã, num puta frio, com a bike mais velha e pesada do mundo, pra ir pra yoga... Almoçar com gente querida na minha cozinha comendo uma comidinha boa que só...  As peias que tenho tido com os taxis nessa nossa ilha-cidade... O ataque dos insetos primaveris... Um conto que li hoje de um menino que queria ser um ipê pra casar com uma buganvília... Não tenho palavras diante dessas grandiosas pequenezas do cotidiano, só lágrimas de gratidão...

Talvez, a dificuldade do ano esteja de fundo, aí, no desapego de um modo de viver pautado nos grandes acontecimentos, e no vício de elaborá-los, planejá-los, aguardá-los e vivê-los... Como se fosse possível! Grandiosíssimos acontecimentos, que quando terminam deixam uma sensação de vazio... Enfim, as pequenices grandiosas começam a me tomar, e me pego suspirando diante de cada coisa... Acho que tô apaixonada pelo minúsculo mundo que nos rodeia mas, que, na maioria das vezes, não percebemos...  

Foto tirada num banheiro nos confins do Piauí. Poesia do dia a dia!


Mas tenho certeza que o meu saco (lacrimal) tá cheio também de lágrimas de vergonha, de desilusão e de indignação pelos absurdos da raça humana: Os índios sendo expulsos do cerrado pra construção de prédios milionários, a corrupção, a bandidagem e total falta de vergonha na cara dos políticos brasileiros... Falar nisso, acabo de me lembrar de uma história super chorável. Um amigo bonequeiro teve seu carro roubado, com os bonecos dentro e uns papéis da campanha que está fazendo pra arrecadar verba pro tratamento a que terá que ser submetido seu filhinho. Enfim, o ladrão, vendo tudo isso no carro, ligou pro meu amigo e disse mais ou menos assim: “Olha, eu roubei o seu carro, mas decidi te devolver com as suas coisas dentro. Mas como, afinal de contas, eu sou um ladrão, vou ficar com o som, tá?”. Coisa mais linda, bandido ético! Tem muito que ensinar aos nossos políticos...


Lembrei de outra história linda de chorar, que também me enche de lágrimas diante da boniteza: O casamento da mãe de uma amiga com um cara 30 anos mais novo do que ela. Conheço os dois, que já namoravam há oito anos. A gente vê no rosto e no jeitinho deles o amor... Amor mesmo, não esse pacote de ilusão que estão nos vendendo hoje, num bombardeio de imagens de beleza, juventude, força e sei lá mais o que. Estão nos faltando exemplos de amor assim, mas que los hay, los hay.


Enfim, me sinto no início das contrações do trabalho de parto de um choro ontológico, que guarda em si, os sabores de todos os choros já chorados.

Namastê
Anasha