Agora que virei blogueira, ando visitando blogs. O do João me fez refletir, porque traz textos curtos e bem humorados. Libriana que sou, comparei e me fiz o desafio de escrever um texto mais light. Quem conhece os meus, sabe bem do que estou falando. Opa, é preciso deixar claro que não estou brigando com a minha escrita, apenas provocando-a um pouquinho. Vamo lá.
Entrei 2009 decidida a vender meu carro, uma Parati 97, que foi quase "minha marida" nos últimos doze anos. Enfim, a venda do carro encabeçava o item número um de minha lista. Sim, eu sou dessas pessoas que, no início do ano, faz uma lista de metas. E funciona!
Curti férias maravilhosas e voltei pra Brasília naquele ritmo lento de início de ano. Fevereiro chegou. Levei o carro para dar uma geral antes da venda. Dois dias depois peguei o carro no Seu Clever, o lanterneiro do Guará. No mesmo dia, divagante e distraída, BUM! Bati na traseira de um infeliz. Dia seguinte tava eu de novo: “Pelamordedeus Seu Clever, agiliza esse conserto, eu preciso vender esse carro”.
Dias depois peguei o carro. Mas o mês seguiu enrolado, início de ano letivo, madrugar pra levar menino na escola... A tal ligação para fazer o anúncio da venda do carro no jornal não teve seu tempo. Últimos dias de fevereiro e o carro ali. "É hoje!" Amanheci decidida. Fui buscar as crianças na escola.Estacionei o carro na última vaga, entre o meio fio e um poste. Olhei bem pro poste pra me lembrar dele quando saísse da vaga. A gurizada chegou animada, o sol a pino e BUM! Bati o carro no poste. “Seu Clever, não diz nada, apenas pense na minha situação e faz um precinho camarada, pelamordedeus”.
Dias depois peguei o carro no Guará, cheguei em casa, imprimi um anúncio, colei no vidro do carro e fiz um email divulgando a venda. De tarde liguei no jornal. E dormi como um anjo! A essa altura março já estava aí e com ele, caramba, a produção da festa de aniversário do meu filho! Corre pra lá, corre pra cá, atende telefone daqui e de lá. Era o povo querendo comprar o carro, eu agendando visitas, convidando o povo e agilizando a festança. Sexta-feira 13, aniversário do moleque. De manhã cedinho fui à concessionária, fechei o negócio do meu novo carro, completamente otimista de que a venda do outro aconteceria no final de semana. E fomos almoçar, eu, meu filho e meu pai, comemorando o carro e o aniversário, cuja festa seria no dia seguinte.
Deixei meu filhote no futebol e meu pai no Setor de Hotéis. Peguei aquela pista grandona saindo dos hotéis,no sentido Torre-Congresso(qual o nome mesmo?)rumo a minha casa onde eu encontraria o provável comprador do carro para fechar negócio. Som ligado, estômago cheio, alma leve... Fui diminuindo a velocidade já que o sinal tava quase pra fechar. Aquele sinal ao lado do Conic. BLULURUM! Virei estátua total, em choque! O carro tremeu, a terra tremeu, e meu ouvido quase explodiu com aquele som de bomba. Meu Deus, alguma coisa caiu do céu! A essa altura hollywood já tava pulsando na minha cabeça, guerra nuclear etc etc e tive medo de olhar pra cima. Até que um cara do carro ao lado, me olhou e disse: “Alguma coisa caiu encima do seu carro, encosta, encosta”. Fui pegando a esquerda pra entrar na rodoviária e parei. Quando desci, não acreditei no que vi: uma pedra de concreto enorme amassara todo o teto do carro!!! Eu ria e chorava enquanto o cara, santo homem, sugeria que eu anotasse seu telefone, caso fosse necessário uma testemunha. Foi quando me dei conta de que eu estava sem celular. Entrei no carro tremendo, e segui pra casa neurótica ao passar debaixo dos viadutos, claro!
Fui pra delegacia fazer ocorrência, liguei pra minha advogada (eu tenho uma, não é demais?), fomos ao local do crime e vimos de onde a pedra se desprendeu quando resolveu cair justamente encima de mim! A culpa é do GDF! (De algum modo, isso me acalmou). Mais tarde, o comprador do carro quando viu a bagaceira, murchou. Ai meu Deus! Olhava o carro de todos os ângulos, lentamente sem dizer nada. "Caramba, ele vai desistir". Me preparei, já ensaiando uma frase para encarar o seu Clever de novo... . Foi quando ele abriu a boca: "Abaixa o preço do carro que eu cuido do estrago". Não podia ser melhor, santo homem!. Era sexta, na segunda o negócio seria fechado. Fui enrolar brigadeiro.
Dia seguinte, já embriagada de tantas emoções, economizei na bebida. A festança rolou tranqüila, o moleque "de boa", como diria o próprio. À noite, a mãe dormiu tranquila, mas a dona do carro nem tanto. Na segunda logo cedo, o cara liga desistindo do negócio. Meudeusdocéu, eu devo estar pagando algum pecado! Mais tarde recebo um email do João, o do blog. Ele recebeu o email da venda do carro e se interessou. Taí um meio de divulgação que comigo funciona demais! Enfim, iniciamos uma negociação virtual, enquanto o carro já estava novamente nas mãos de Seu Clever. Dessa vez, quando nos vimos, fiquei calada, forjando um relaxamento falso que doía. Juro que queria ser uma mosquinha pra ouvir os prováveis comentários que ele e sua equipe devem ter feito a meu respeito, tipo: “Que mulher azarada da porra”.
Hoje a Parati é do João. E foi ainda lendo seu blog, na semana passada, que me lembrei do meu e botei no ar. Santo João.
Dedico este texto a minha irmã Marília, pela coragem e inspiração que me passa a cada desafio que vence. E também porque hoje é seu aniversário!
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Na sopa-eu tem a loucura macarrônica dos italianos do Norte, o instinto lúdico dos índios do Mato Grosso,a sagrada luxúria de habitar um corpo-fêmea nesse mundo doido e ainda arte, desejo, curiosidade, liberdade, volúpia, vento, silêncio...
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