Umbigo de Eros

Te convido para sentar no sofá vermelho de Eros... Vamos escarafunchar os Umbigos!

28.4.13

Corpo-mundo

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Dancei. E chorei de medo, de alegria, de liberdade... Senti minha energia corporal enorme, vibrante, criativa! Que medo é esse que temos dela? Se a mente nos confunde, o corpo hoje me foi claríssimo em suas declarações. Quero dançar! Ele berrou. Quero carinho! Ele me pediu. Quero contato! Ele se abriu. Dançar me salva! Ouvir o corpo e deixá-lo falar nos salvaria a todos. 

A imaginação também salva. Me vi numa ilha louca, linda, com mar, rios, cachoeiras, frutas deliciosas, árvores exóticas, coloridas e um monte de bichos. E eu no meio deles, nua, bicho mulher ali... Estávamos numa roda. A brincadeira era cada um fazer um movimento pros outros imitarem. A gente se entendia sem falar. A girafa fez uma parada louca com seu pescoço, o elefante pirou com sua tromba, o cavalo deu altos coices... E nós todos imitávamos, ou melhor, tentávamos e nos divertíamos pela impossibilidade de fazermos como a girafa ou qualquer outro daqueles animais. O barato foi mesmo tentar, testar, experimentar pra ver no que daria. Eu descobri uns movimentos bem diferentes que talvez nunca tivesse feito antes. E meu corpo agradeceu pela novidade, pelo ganho de espaço interno. E ainda teve um solo meu de dança bem no meio da roda: girei, saltei e até voei. Nessa hora os bichos de asas vieram comigo e fizemos uns movimentos sincronizados no ar... Os outros, sem asas, saltavam, tentando fazer igual. Num outro momento grudei meu corpo no cavalo, me agarrei na sua crina e o bicho correu, correu muito. E eu, super corajosa no meu corpo virtual, onde tudo é possível, fiquei de pé, com o bicho em movimento, e saltei, no ar. Mergulhei no espaço e voei, voei muito alto e depois me joguei no rio... A natureza sempre me salva!


Pede pra pessoa relaxar e imaginar e dá nisso. Sem drogas. Toda essa profusão de imagens vivas morando dentro da gente... Liberando vontades, desejos, prazeres ... E as células pulam felizes. Vai dizer que isso não cura? Se reprimir sentimentos e emoções faz adoecer, liberar só pode curar. Tanta vitalidade, energia, prazer morando aqui nesse corpo... E a gente regulando mixaria. Cada um de nós é uma montanha russa de emoções, sensações, imagens, delírios, gostos, texturas, ritmos, somos um parque de diversões inteiro. Mas nos acostumamos a ficar num brinquedo só. De repente, aos quarenta, ainda não tivemos coragem de sair do carrocel. Mesmo com a bunda doendo, já que não nos comporta mais. Morrendo de medo de virar a cabeça, olhar pro lado e ver as possibilidades. E dando margem pra surgir uma hérnia de disco na cervical... Nosso corpo é um mundo e nós fazendo dele um quintal...

Trouxe comigo os aprendizados. Isso de estar entre diferentes, interagindo com a diversidade num jogo gostoso onde não há vencedor nem perdedor, importa jogar. E a crueldade da comparação me pareceu mesmo invenção do diabo. Caramba, comparar cavalo com cachorro, elefante com girafa, Maria com Anasha? Não dá, vai dar merda. E lembrei da maior das mágicas que é saber-se única em meio a 8 bilhões de pessoas. Já pensou? Existem 8 bilhões de pessoas na face da terra, todas únicas. E eu no meio delas tendo como principal função anashar, afinal ninguém pode fazer isso por mim. E ninguém jamais o fará melhor do que eu. Não é mágico? Penso em Jung e sua ideia de individuação, tornar-se o que se é...

Gente criativa também me salva. E ver, ouvir, ler coisas instigantes, corajosas e fora da caixinha. Enfim, partilhar, interagir, aprender, conhecer. Meu filho grafitou as paredes de seu quarto. Meu coração ficou feliz por ele, pelo impulso realizado, pelo sonho tornado ato, pela busca por ser ele mesmo, pela tentativa, por tentar expressar-se a seu modo, buscando a sua verdade. E também li o blog-livro de um amigo, que não apenas nos conta uma história mas recheia suas cenas com trilha sonora, imagens, citações de livros formando uma divertida e criativa sopa literária virtual. Porque a nossa sociedade não se empenha mais em mostrar essas coisas?  É que daí a gente se inspira, sai da letargia, lembra que também é capaz... E vai dar problema, pro sistema...  Mané sistema que nada. Vamos nós divulgar o que funciona, o que nos motiva, o que nos inspira. Bora dançar, correr, pular, desenhar, pintar, sonhar, inventar, abraçar, escrever, rabiscar, gritar, grafitar, colorir, fotografar, beijar, ler, brincar, sorrir, cantar... Alimentar a própria criatividade é uma das maiorias garantias de saúde. Pessoal e coletiva.

Fui. Sonhar, dançar, cantar...
E fazer os olhos brilhantes, janelas da alma que são.

Namastê
Anasha

Dedico este texto a Fernanda, Roberta, Gisele e Laura, companheiras das criatividades do hoje!