Umbigo de Eros

Te convido para sentar no sofá vermelho de Eros... Vamos escarafunchar os Umbigos!

Dia desses ouvi um som estranho em casa. Pus-me a investigar e, vi uma bolinha preta no chão: Era um filhotinho de pardal! Curiosamente, não tive coragem de pegá-lo nas mãos. Em verdade, eu queria muito que tivesse alguém ali comigo pra fazer isso por mim. Minha vontade era fugir. Aquele bichinho tão frágil, pequeno, abandonado, ali piando como que me pedindo socorro... Tive medo de machucá-lo e de me machucar também...


Depois lembrei de outras situações semelhantes. Tantos bichos já entraram em minhas casas: pássaros, morcegos, ratos, bruxas (mariposas negras), gatos... Em geral, lido bem com eles, no mínimo, enxoto-os amorosamente para fora, rumo à liberdade que lhes cabe. Mas esse filhotinho não podia ser simplesmente enxotado... Ele pedia cuidados.

No fim das contas, no ônibus (o lado bom desse transporte) me toquei da minha negligência e vim correndo para casa pensando em alimentá-lo, pelo menos. Nem isso eu havia feito... Procurei por todos os cantos e nada. Certamente há um ninho ali no telhado de onde o bichinho caiu... Foi por isso que deixei ele lá perto, no dia em que o vi... Na verdade, minha irmã apareceu, graçasaosdeuses, pegou-o e colocou-o num ninhozinho que fizemos com panos. Deixei-o lá na área de serviço, a espera da mãe... 

Quando meu filho viu o bichinho pôs-se imediatamente a investigar um modo de cuidá-lo. Foi pro google saber como alimentar um filhote de pardal, comprou seringa e alimentou-o durante 7 dias. O bichinho reconhecia ele. Foi uma das coisas mais lindas que já vi, o comprometimento dele, o carinho... Ele cuidou mesmo! E a mãe do bichinho, aparecia, vez por outra, pra alimentá-lo também.  
Foi uma semana diferente aqui em casa! E, um belo dia, mais fortalecido, lá se foi ele embora com a  mãe. Fiquei eu, com meu filho cuidador, que eu nem conhecia...

Lembrei de um gatinho que pareceu aqui em casa e foi acolhido por nós. Na mesma época, surpresas boas aconteceram e, pra mim, aquele gatinho, tinha sido o mensageiro delas... Houve ainda a morte da minha gata (outra) que aconteceu um tempinho antes de eu me separar, no mínimo, introduzindo-nos no tema morte. Sincronicidades... O externo refletindo o interno e vice-versa. Agora esse bichinho que aparece justamente quando uma nova vida se apresenta pra mim... E me traz um novo filho, mais amadurecido, comprometido, cheio de amor...

O filhote de passarinho é metáfora! Reagi com ele do mesmo modo que tenho agido em relação às novas possibilidades que se apresentam: Com vontade de fugir, com medo de machucar, de sufocar, de interferir, de errar, de me aproximar, de me envolver... Medo de levar uma bicada... Daí vem meu filho e me mostra o caminho muito simples do amor. E meu medo se derrete todo...

Anasha