Depois de amassar, pisotear e picotar os papéis, botando pra fora um tanto de emoções, olhamos pra aquela profusão de "restos". E a partir dali, o exercício era criar um ser.
O meu, ainda no meio de sua criação, já me dizia que era um ser masculino, batizado Senhor Bolinha! Um cara azul, amoroso, afetuoso e muito trabalhador. Seu cabelo longo e esvoaçado, também azul, mostra certa rebeldia, que ele mantém preso, pra não atrapalhar seu trabalho de terras e afagos.
Ele é definitivamente um imã para abraços calorosos. Não há quem olhe seu corpo e não queira se lançar na sua gostosura, tendo sempre acolhida garantida no seu corpinho quente. Senhor Bolinha adora abraços, e quem se joga no seu corpo fofo, eterno puff do bem querer, também se sente profundamente abraçado, embora o Senhor Bolinha não tenha braços, mãos nem pernas e pés. Apesar disso, ele toca e se movimenta muito. Ele se vira, gira, rodopia, amassa, acolhe.
E como todo ser vivo, também tem um papel especial nesse planeta-casa: O Sr. Bolinha, com seu corpo cilíndrico, rola faceiro por sobre a terra, afofando-a e deixando-a preparada para o plantio. Terra sulcada pelo Sr. Bolinha é colheita garantida.
Mas o mais intrigante sobre este serzinho é o fato de ele ter nascido de mim! Gerado a partir do encontro da necessidade de expressão somado à oportunidade, esta, em geral, sempre perto. O essencial, muitas vezes, invisível aos olhos. Tudo o que criamos é parte nossa e diz muito sobre nós. E o Senhor Bolinha me aparece agora trazendo que mensagens? Fiquei matutando, e acabei compartilhando a estória do Sr. Bolinha com meu companheiro, que mais faceiro impossível, me disse: "Mas esse sou eu!" E não é que ele tem razão? O Sr. Bolinha tem muito dele. E parte disso já é meu também, ou sempre foi, fenômeno que só o amor pode explicar. Quando os talentos do outro, de repente fazem casa na gente! E nos damos conta de que sempre estiveram ali, à espera de uma brechinha para se mostrarem pra nós. Talvez a gente já ame no outro justamente o que temos na gente...
"O amor é quando o outro nos mostra o nosso melhor".
Namastê
Anasha
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Quem sou eu
Na sopa-eu tem a loucura macarrônica dos italianos do Norte, o instinto lúdico dos índios do Mato Grosso,a sagrada luxúria de habitar um corpo-fêmea nesse mundo doido e ainda arte, desejo, curiosidade, liberdade, volúpia, vento, silêncio...
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