Uma sensação estranha me acompanha. Tentei traduzir e a palavra que mais se aproxima disso que me toma é mesmo ressaca. Fui escarafunchar: ressaca é o movimento anormal das ondas do mar sobre si mesmas na área de rebentação causada por rápidas e violentas mudanças climáticas. E de novo e sempre, a palavra, a metáfora, a linguagem me esclarecem.
Passei mesmo por violentas mudanças climáticas:
Dos 46º de Palmas pros 16º de Sampa
Depois pro calor seco de Brasília
De um apartamento para uma casa
De uma louca paixão pro nada
Da produção de festival e reforma pra calmaria do dia-a-dia
Da casa alheia pra minha
Da casa dos 30 pra casa dos 40!!!
A palavra ressaca deriva do espanhol resaca, cujo sentido original designa o refluxo das ondas do oceano. No Brasil e em Portugal, o termo ganhou um significado metafórico, pois quem bebe demais também passa por muita turbulência na manhã seguinte.
Mas o que causa a ressaca do mar?
A chegada de ondas violentas à costa começa quando rajadas de vento fazem subir o nível do oceano. Impulsionada por correntes marítimas, a massa de água caminha com velocidade crescente até o litoral. A força da ressaca costuma alagar avenidas e pode danificar construções à beira-mar.
As rajadas de vento que fizeram subir o nível do meu oceano foram enviadas por Eros, o Deus do Amor, da simpatia entre os seres, aquele que nos põe em relação a. Tenho certeza! De modo que me sinto também ressaqueada de tanta gente, de tanto contato. Por outro lado, a minha ressaca não chegou a causar grandes danos externos, mas confesso, no de dentro, deixou tudo revirado, alagado, afogado. E com tanta chuva no cerrado devo confessar que meu “alagamento” permanece, molhado, úmido, húmus. Talvez terreno fértil para uma nova fase? Mas que tem horas que dá vontade de ligar o secador, pra acelerar o processo, dá. Tempo, tempo, tempo, tempo...