Umbigo de Eros

Te convido para sentar no sofá vermelho de Eros... Vamos escarafunchar os Umbigos!

25.9.12

Primaverou!

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A jornada começa no auge da seca no cerrado: o Sol muito quente, o ar seco, a mente turva e os pensamentos cambaleantes... Nas mãos, uma garrafa d'água garantindo bons goles e o corpo acordado. De cara, fui surpreendida por colheradas de um brigadeiro exótico feito com ingrediente secreto! Se havia parte ou outra do corpo ainda preguiçosa, acordou ali mesmo, com gosto e cheiro inusitados do suculento doce. Hum, os sentidos se aprimorando a cada punhado... O vento entrando pela janela do carro em movimento, a paisagem, boa música e loucos papos completavam o cenário... Nessa altura, pensar já era item descartado, dando lugar a delírios e miragens que só um calango do cerrado poderá compreender!  

Ver-se rodeado da natureza é bálsamo pros olhos e pra imaginação! Seguimos caminho, limpando a cada quilômetro o corpo e a mente das tensões do dia a dia.  E eis que no meio do caminho havia uma pedra... Ops, uma fonte, discreta, que jorrava água pura das entranhas da terra. Beber daquela água me pareceu a coisa mais importante do mundo... A natureza sábia e selvagem impedia o acesso e dificultava quem quisesse encher uma garrafa... Mas como água mole em pedra dura tanto bate até que fura, após esforço reconhecido do meu companheiro de viagem, descia pela minha garganta aquela água mágica, de um gosto outro. Cremosa, encorpada, preenchedora... 

Demos uma paradinha aqui e acolá, para ajeitar coisa ou outra, visitar velhos amigos, comer algo, fotografar uma flor, um sapato florido, cheirar uma folhinha tenra de sálvia, tomar um banho de cachoeira... No finzinho da tarde, pássaros de todo tipo fizeram uma sinfonia só pra mim! E um tiquinho depois, o céu inteiro resolveu me agradar: e choveu, choveu granizo feito pipoca pipocando no gramado! Isso é mágica!, diria uma querida amiga palhaça. E um espetáculo que deu início a Primavera, fora e dentro de mim!
Na madrugada, um strep tease no escuro, que ninguém viu, fechava com chave de ouro o dia. E, no seguinte, mesmo ritmo, só que em outra estação! Café da manhã regado a bom papo, o Sol brilhante escondido em nuvens de chuva, e um dia inteirinho pela frente. E lá fomos nós, de novo na estrada, para resolver pequenezas grandiosas como buscar algo ali pra trazer pra acolá. E há quem pense que nesse curto trajeto não passe nada... 

Felicidade se encontra em horinhas de descuido... 

Namastê
Anasha