"Quando acreditamos em algo
que ainda não existe,
nós o criamos. O inexistente é o que não
desejamos o
suficiente".
Franz Kafka
Eu, sete anos, cozinha da minha casa em Cuiabá, só de calcinha porque o calor era de rachar! Experiências sensoriais envolvendo temperatura, corpo, cheiros, toques... Experiências culinárias envolvendo ovos, farinha, açúcar, frigideira... Mistura daqui, mexe dali... Hum, inventei uns bolinhos deliciosos! E não tive dúvidas, convidei a vizinhança pra um programa duplo: comer bolinhos e assistir ao meu teatro de fantoches!
Cresci
e fui “aprender” a fazer teatro. Quanto à culinária, parei nos bolinhos! Não
sei se aprendi, mas descobri que eu podia “inventar” não só bolinhos, mas
também um jeito próprio de fazer teatro, onde era possível reinventar minha
vida! Procurei retalhos, recortei, costurei, reuni medos, coragens, novas
linguagens e abordagens, dança... E segui, ora parindo ora vomitando monólogos,
sempre descobrindo mais sobre mim. Libertando meus fantoches interiores, eu
seguia me transformando.
Era hora de compartilhar aquela descoberta:
Arte e Bolinhos! A chegada de mais pessoas àquela brincadeira inicialmente
solitária (monólogo coletivo) redimensionou a coisa toda e fez nascer o Ateliê
Expressivo para Mulheres. E descobri o poder da reunião! E nos vi iguais em
luta, dor, desejos e mistérios. E depois veio o Teatroterapia, incluindo também
os homens, da mesma matéria que eu em humanidade e medos.
Tempos depois
descobri: eu não havia inventado um jeito de fazer teatro, nem um modo de
reunir pessoas e muito menos aqueles bolinhos (que eram bolinhos de chuva, já
inventados e eu nem sabia!). Mas agradeço à ilusão da época, de poder, aqui no
de dentro, criar um novo
mundo das próprias entranhas, sem receita! E é essa a proposta do
trabalho que proponho hoje, seja com Arteterapia ou Teatroterapia:
1º passo: Reconhecer
nossos bolinhos (Eles existem, acredite!)
2º passo: Degustar
seus bolinhos e se empanturrar deles!
3º passo:
Compartilhar os bolinhos!
Eis a verdadeira
revolução!
Venha descobrir
seus bolinhos, enraizar-se em suas receitas, agregar outras, conhecer
novos bolinhos e novas fôrmas para assar os seus... Sigamos,
cozinheir@s, alimentando nossas almas e os umbigos de Eros!
Vida e Arte seguem juntas.
Namastê
Anasha