Num tempo dos antigo bicho nenhum escapulia
Dos trabalhos de preserva tudo que os arrodia
E cada um do seu jeito fazia o que podia
E a Natureza bem cuidada sorria, agradecia!
Nesse tempo não tinha castigo não
E os bicho vivia tudo no cio...
E um casal de índios fazia amor na beira do rio
No meio da estripulia c’os coração em harmonia
Não se aperceberam que dos seus corpo
Suas almas escapolia, voaram feito borboleta
Pousaram nas águas do rio, formando um reflexo formoso
Como nunca se viu.
Nesse mesmo momento surge descendo do céu
O Choro do Sol e o Riso da Lua
Que também apaixonados vem pousando bem encima
Do reflexo dos índios namorados
O ar suspirou, a água gemeu, o fogo gozo e a terra tremeu!
E desse encontro nasceu um espírito que nem eu!
Seu nome eu vou lhes contá: É Cojubim-Náia
Que carrega dentro de si as duas almas perdida
Daquele índio e daquela índia
É Cojubim na metade do dia, um macho cheio de valentia
Que reclama, luta e briga prá mó de acalmar a dor
Que no seu peito ardia saudoso da presença
Da amante que ele tinha.
Cojubim cuida do fogo e da água
Fazendo chover e fazendo queimar
Porque a água renova a vida. E o fogo? Ajuda a matar!
Que é pras coisas se reciclar!
Na outra parte do dia, de noitinha, ele é Naía
A fêmea delicadinha, que dança e ora a Rudá
Cupido da crença índia, pedindo pra trazer de volta
O amante que ela tinha
Náia cuida da terra e do ar e é através da dança
Com seus pesinhos na lama e seu corpinho no ar
Que ela solta uns aroma (Sons de peido)
Uai, pra proteger e perfumá os lugar!
Cojubim-Náia vive a procura do fogo do coração
Do amor, da plenitude da paixão
E depois de encontrar ele pensa em mergulhar
Nas águas daquele rio prá mó de apagar tanto fogo
E acender outro pavio!
Mas nas águas desse rio só entram seres inteiros
Porque é o reino dos deuses e não entra forasteiro
Só então à meia-noite é que ele pode tentar
Porque é mesmo nessa hora que as duas almas de outrora
Voltam a se encontrar formando um só ser que dá gosto de olhar
Cojubim-Náia entra em êxtase e nesse minuto eterno
Faz tudo que é coisa brilhar! Ah ah ah...Hu! Aaaaaah....
Mas é só quando o minuto passa que ele se dá conta:
“De novo, esqueci de mergulhar!”
E assim é Cojubim-Náia!
(O texto acima nasceu a partir das aulas de teatro com a profª Simone Reis, no Deptº de Artes Cênicas da UnB, em 1994 – meu primeiro e fundamental contato com a mitologia pessoal no teatro. Obrigada Simone! Hoje é encenado dento do espetáculo “Contos do Interior”).
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Quem sou eu
Na sopa-eu tem a loucura macarrônica dos italianos do Norte, o instinto lúdico dos índios do Mato Grosso,a sagrada luxúria de habitar um corpo-fêmea nesse mundo doido e ainda arte, desejo, curiosidade, liberdade, volúpia, vento, silêncio...
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