O amor é uma prisão? A gente vive e depois cumpre pena? Vive momentos de um êxtase
indescritível, depois tem que se justificar, explicar detalhadamente passo por passo,
descrever os cúmplices e se declarar culpada? Quero um Amor livre! Um amor que respire um ar novo a todo o instante, um amor humano, real, um amor-amigo, amor-brincadeira, amor-humor, amor-filhos e amor-paixão sempre! Mas quero também a sensação de “peixe fora d”água”, o tempo de estar só!
Queria reaprender a ter Fé, essa âncora que nos prende em nós mesmos! Sou um morcego voando à luz do dia, cego e enlouquecido. Medo de retornar ao meu útero-habitat natural, a escuridão! The black hole of the existence! Guiada por uma Roda da Fortuna doida e autônoma que dissipa minha Força, Coragem e Personalidade. Mas eu as tenho? Eles têm porque eu sempre acabo me perdendo neles, os Outros. Eles são a salvação e a punição! A liberdade e a prisão! Sigo procurando, dentro e fora. Talvez eu encontre no meio, na intersecção entre Eu e Eles.
Eu podia dizer um enorme “Não”, mas sigo com “Pode ser"! E me comporto muito bem, passivamente. Não beijo as pessoas que amo porque a minha boca não é minha. Não expresso o meu amor porque ele fugiu de mim há tempos. E não mando os que me enchem pro inferno porque não sei onde fica! Estou aprisionada num Eu que já morreu. Vivo da sombra, do fedor e da deterioração de alguém que já morreu. Um corpo morto dirige os meus passos e atos e palavras e medos e dores e taras e ...
Eu podia dizer um enorme “Não”, mas sigo com “Pode ser"! E me comporto muito bem, passivamente. Não beijo as pessoas que amo porque a minha boca não é minha. Não expresso o meu amor porque ele fugiu de mim há tempos. E não mando os que me enchem pro inferno porque não sei onde fica! Estou aprisionada num Eu que já morreu. Vivo da sombra, do fedor e da deterioração de alguém que já morreu. Um corpo morto dirige os meus passos e atos e palavras e medos e dores e taras e ...
Começo a acreditar na necessidade do ritual. Um corpo morto deve retornar à terra. Fui
herética, negligenciei todos os meus enterros! E pago tentando despistar os velhos pedaços que insistem em ainda serem meus... Preciso tanto do Outro e, no entanto é ele que me mata. Fugir é covardia, ficar é covardia! Existe algo entre o ficar e o fugir? Dormir... Me faz sonhar e também pago por sonhos. Estou sempre quitando dívidas. Quito-as, mas nunca sei com o quê. Só sinto algo faltando no final da negociação, mas nunca sei o quê foi que levaram... Possivelmente Nada, mas o Outro sempre faz com que eu me sinta menor, lesada...
Talvez fosse mais fácil enlouquecer, uma loucura rápida, radical e fulminante. Um sanatório
qualquer, uma enfermeira qualquer, e eu tratada como uma louca qualquer, sem a
mínima necessidade de me sentir útil. Simplesmente ser... A arte voluntária da retirada da vida - O Eremita!
qualquer, uma enfermeira qualquer, e eu tratada como uma louca qualquer, sem a
mínima necessidade de me sentir útil. Simplesmente ser... A arte voluntária da retirada da vida - O Eremita!
The Fox
Bsb,27.05.1995