Umbigo de Eros

Te convido para sentar no sofá vermelho de Eros... Vamos escarafunchar os Umbigos!

21.9.11

Saudade

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“Não se admire se um dia 
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa 
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo 
Ai que saudade de ocê...”

Hoje amanheci assim, cheia de saudade... Saudade é uma palavra exclusiva da língua portuguesa. Nenhuma outra língua tem uma palavra pra exprimir essa mistura dos sentimentos de perda, distância e amor. É uma das palavras mais presentes na poesia de amor e também na música popular. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão) e reza a lenda que nasceu na época dos descobrimentos e no Brasil colônia, para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos...

“Quando penso em você,
fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
menos a felicidade...”

Tem saudade boa...  Basta lembrar a pessoa, situação,  momento ou experiência que nos deu prazer e alegria, que reeditamos o sentimento primeiro...  Bom demais! E tem saudade que dói, de memórias ainda não elaboradas, de situações inacabadas, interrompidas, não devidamente finalizadas como a morte (real ou simbólica)...  Tem saudade que dói pela sensação de que, talvez, algo pudesse ter sido feito pra evitar a distância e a própria saudade... Tem a saudade nascida do querer e do não poder estar junto... E ainda tem a saudade que a gente sente e nem sabe muito bem de quê... Saudade do que virá... Saudade do que nunca foi... Saudade do que poderia ter sido...

“Saudade 
Diga à esse moço por favor
Como foi sincero o meu amor...”

Um querido amigo espanhol, quando retornei de uma viagem, me disse: “Quanto te echado de menos Anasha!”, expressão que tem o mesmo sentido da nossa “saudade”. Numa tentativa de tradução seria “quanto eu tenho estado de menos contigo!” Acho que foi uma das coisas mais lindas que já ouvi... E acho que tenho estado de menos com tanta gente de que gosto...

“Era tanta saudade
É pra matar
Eu fiquei até doente
Eu fiquei até doente, menina
Se eu não mato a saudade
É deixa estar
A saudade mata a gente
A saudade mata a gente...”

Eu sinto saudade dos cheiros das várias casas em que vivi, do cheiro da casa da minha avó... Sinto saudade de texturas, de tecidos... Saudade do gosto da manga da minha infância, comida do pé... Do gosto das reuniões em família... Sinto saudade do gosto do beijo... Do beijo dele... Do cheiro do cangote... Saudade... Tem dias que sinto saudade até de mim... 

“Deixa, se fosse sempre assim quente
Deita aqui perto de mim
Tem dias em que tudo está em paz
E agora todos os dias são iguais
Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais...”

Pra curtir uma saudade, segue link da linda música “Sodade” de Cesaria Evora!


Namastê

Anasha