Umbigo de Eros

Te convido para sentar no sofá vermelho de Eros... Vamos escarafunchar os Umbigos!

7.2.17

Teatroterapia?

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Sinceramente não sei se o nome é adequado àquilo que venho tateando nesse momento. Teatro em contexto terapêutico? É tão mais do que isso... sendo tão simplesmente isso mesmo. Me perguntam do que se trata e eu logo digo: Vem aqui viver, eu não sei explicar. Não quero talvez. O que se explica, morre. E estamos em movimento, todos. A cada encontro, uma nova camada, uma descoberta, um novo mundo. Há tanto por "curiar", há tanto por aprender. Estou cada vez mais des-coberta, exposta, visível na luz e na sombra, na bravura e na covardia, e na completude de tudo isso junto que me faz humana. Cada vez mais, se é que é possível. Possível é pouco pra nós, o impossível é nosso habitat. "Quando acreditamos em algo que ainda não existe, nós o criamos. O inexistente é o que não desejamos o suficiente", disse Kafka. E se vale pro inexistente, deve valer pro impossível também.

Fazemos teatro desde sempre, na barriga da mãe, fora dela, no toque da boca no seio da mãe, na escola, no trânsito, no amor, ao narrarmos uma estória, ao re-contarmos nosso própria história, sempre, infinitamente, de modos cada vez mais amplos... Reinventando a cada passo, a cada gesto, a cada escolha, o humano em nós. Experimentando em cena aquilo que a alma já sabia mas talvez o corpo ainda não... Onde mora a alma então? Dentro de nada, certamente. Solta, livre, espalhada em todos nós e no todo que nos acolhe. Anima mundi que nos cuida e nos acalenta sem nos darmos conta.

Duas pessoas e já basta para haver teatro. É preciso mais do que um. Dois, que fazem desse encontro o três, o olhar de fora que encontra o de dentro e reinventa, reconta, reflete, expõe, e torna seu o que vê e vive. O compartilhar é talvez a arma mais poderosa contra o vazio, contra a falta de sentido, porque guarda o olhar do outro, o Outro, este que nos fita, nos confronta, nos ama, nos afronta, nos encurrala, nos vê de fora, nos reflete e nos cresce. "O inferno é o outro" mas o céu também é. Polaridades do humano, ingênuas, até. Ingênuos nós todos, graçasaosdeuses.

Resumo possível do encontro de Teatroterapia de hoje: Mini-mundos expressos, expostos mostrando-nos sua enorme vastidão e grandiosidade. Meus, sempre nossos mundos, caminhos, trilhas tão pessoais e tão profundamente humanas. "Meu outro nome é gratidão", ouvi hoje e foi uma flechada de amor na alma. Gente é mesmo um encanto. As de dentro, as de fora, gentes. Como não amar o outro que é tão a gente mesmo em outro corpo? Somos todos um, definitivamente. E imortais, finalmente. Anasha significa imortal. Quase entendi, mas não quero, porque entender também mata. Quero é a coisa antes do nome, antes do entendimento, a coisa no seu "fazimento".

Namastê
Anasha

Bsbs, 06/02/2017