O amor vem.
E vai.
Vem o luto.
Depois reelaboramos o amor findado
Nos despimos dele
Questionamos se foi amor mesmo ou paixão
Extraímos os aprendizados (ou não).
Daí é renascer das cinzas e recomeçar do zero possível. Momento mítico!
As paixões nos tiram do passado e nos fazem mergulhar no presente, incondicionalmente. Em verdade, no corpo. Paixão que se preza não vem com ilusões de futuro. A carne é tomada de loucura tamanha que não há tempo interno pra conjecturas e sonhos. O calor é muito e quer ser gasto imediata e irracionalmente agora! Talvez por isso a paixão vicie...
E vai.
Vem o luto.
Depois reelaboramos o amor findado
Nos despimos dele
Questionamos se foi amor mesmo ou paixão
Extraímos os aprendizados (ou não).
Daí é renascer das cinzas e recomeçar do zero possível. Momento mítico!
As paixões nos tiram do passado e nos fazem mergulhar no presente, incondicionalmente. Em verdade, no corpo. Paixão que se preza não vem com ilusões de futuro. A carne é tomada de loucura tamanha que não há tempo interno pra conjecturas e sonhos. O calor é muito e quer ser gasto imediata e irracionalmente agora! Talvez por isso a paixão vicie...
"Todo aquele que sabe
Separar o amor da paixão
Tem o segredo da vida
E da morte no seu coração".
Paulinho da Viola
Será mesmo a paixão, emoção imatura diante do amor? O amor é outra história? Seu mistério maior? O amor nasce da paixão? Paixão e amor co-habitam? A paixão é possível no amor? Junto com o amor tem esse desassossego, isso de pensar o amor... Tem? Erro besta, bobo, meu e de uma pá de gente interessante. Platão, Goethe, Cervantes, Sarte e Simone, Balzac, Drummond, Chico, Paulinho... O livro de Leandro Konder, "Sobre o amor", traz a perspectiva desses autores, recomendo.
"Não é Amor amor se não vier com
doudices, desonras, dissensões,
pazes, guerras, prazer, desprazer,
perigos, línguas más, murmurações (...)."
Camões
Penso nos contrastes entre o amor de Sartre e Simone buscando liberdade e verdade (entre o amor essencial e o contingente, como diziam) e o amor romântico do casamento tradicional. Muitas de nós, mulheres do agora, estamos bem nesse hiato e talvez, carregando andrajos dos dois: as inconscientes inseguranças do primeiro e as neuróticas cobranças do segundo. Neste início de século 21 quais os novos caminhos pro amor?
"Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor.
Mentira".
Chico Buarque
Amor, esse de querer o bem do outro, de admirar, de observar aquele diferente ao mesmo tempo tão igual, de aprender, amadurecer, desabrochar e ampliar-se com a perspectiva do outro... De acordar o seu melhor... De querer ajudar, compartilhar, viajar... De trocar afeto, carinho, cuidado, atenção... O outro, ao permitir nossa entrada em sua vida, abre outras dimensões, em nós, nele, e no próprio amor. Pequenas grandes éticas só aparecem nas pequenas enormes situações do cotidiano: nas idas à padaria, no preparo da comida, na escolha dos ingredientes, na organização da casa, no modo como se passa manteiga no pão...
"O amor é a forma mais radical de ir ao outro".
Goethe
O amor é algo que nos acontece independente de nossa vontade, ou é algo que acontece na nossa vontade? É preciso não pensá-lo pra poder vivê-lo? Será que, no século XXI, tememos o comprometimento exigido pelo amor? Ou tememos as inevitáveis atualizações que ele nos ocasionará? Tememos abalar as individualidades tão recentemente adquiridas (em termos históricos)?
''O amor não prende, não aperta, não sufoca.
Porque quando vira nó, já deixou de ser laço...''
Mário Quintana
Um encontro sem amarras, sem pressão, respeitando profundamente nossa verdade e a do outro... Talvez gostar seja o vislumbre possível pro nosso hiato hoje. Falar, pensar, citar o amor hoje nos exaure. Estamos por demais virtualizados. E o amor pede realidade concreta! Gostemos então! Pode ser embrião de muitos outros sentimentos... Importa não escorregarmos na ilusão do acoplamento ontológico comprado do romantismo... É lícita essa necessidade de nos sentirmos especiais, muito especiais pra alguém? Deveria bastar-nos sermos especiais pra nós mesmos? Queremos ser o grande amor da vida de alguém? Queremos um grande amor? Existe pequeno amor?
"O curso do verdadeiro amor nunca foi sereno".
Shakespeare
E daí vem o Neruda com essa: "Se sou amado, quanto mais amado, mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, devo esquecer também. Pois o amor é feito espelho: tem que ter reflexo." Complicado! O espelho, por vezes, embaça e não enxergamos o amor que sentem por nós, nem o que nós mesmos sentimos. E muito menos percebemos quando acabou... E passamos do ponto.
"O amor me dá medo, me deixa burra".
Simone de Beauvoir
No dicionário, sobre o verbo namorar se diz: "Fazer galanteios amorosos. Procurar inspirar amor". A wikipédia diz que o namoro é uma vivência com um grau de comprometimento inferior à do matrimônio. Hum, será? E que, a grande maioria utiliza o namoro como pré-condição para o estabelecimento de um noivado ou casamento. Mas será o namoro, necessariamente, a fase anterior? Não pode ser o estado das coisas? Coincidentemente, hoje é dia dos namorados, na falta de palavra apropriada, e talvez, na contramão das minhas elucubrações anteriores, meu coração te pergunta: Você quer inspirar amor comigo?
" O melhor relacionamento é aquele em que o amor
de um pelo outro é maior do que a necessidade
de um pelo outro".
Dalai Lama
Namastê
Anasha
0 palpites:
Postar um comentário