foto aleatoria mente sugerida por jhcordeiro.
Desapego mesmo é permitir o “aleatorismo” (termo inventado por um amigo, já que não existe no dicionário). Tipo sair de casa sem saber pra onde, deixar-se levar. Permitir o inusitado. Qualquer hora você vai lembrar-se de um lugar legal, vai ver uma placa sei lá, no máximo, volta pra casa. É o aleatorismo, quase primo da Lei das Probabilidades, da Física Quântica, onde tudo pode acontecer. Será parente também da Sincronicidade?
Imagina passar meses montando uma playlist pra festa super dançante, você estuda minuciosamente as melhores transições, que música dá melhor seqüência pra outra, escuta mil vezes, faz mudanças cotidianamente, até que um belo dia considera que alcançou a melhor composição, ufa! Chegando à festa, você resolve deixar o CD tocar no modo aleatório ou randômico. Quer desapego maior? Certamente, depois da primeira música, você vai querer controlar a coisa, principalmente se a pista esvaziar, mas se conseguir permitir... Ilumina!
Tô falando aqui de momentos onde desapego é sabedoria. Mas sem essa bandeira ao desapego exagerado! Hoje em dia o apego é o grande vilão, no entanto, no dicionário, é sentimento de afeição, de simpatia por alguém ou alguma coisa, e tem como sinônimos, afeto, amizade, amor, benevolência, fraternidade, simpatia, ternura... Então cuidado ao destruir seus apegos, afinal a vida se faz de vínculos, de apegos, de Eros... Sou apegada aos meus afetos, amores, amigos, à minha casa, às minhas coisas... Se eu as perder, suportar a perda não será exercício de desapego (ou desinteresse, falta de amor) e sim de maturidade, já que desde sempre soubemos que tudo um dia vai morrer, vai findar... Nunca fomos enganados a esse respeito.
Já no aleatorismo o desapego é ingrediente vital, já que pressupõe o desinteresse em controlar, em acertar, em garantir qualquer coisa. O lance é permitir que a melhor escolha nos escolha. Confesso: eu vivi a saga da playlist citada acima! E, com um agravante: eu tinha um parceiro, que também havia gravado a sua, e ambas deveriam se harmonizar em uma hora de discotecagem! Definimos previamente que a dele tocaria primeiro. No entanto, na hora H, cogitamos o aleatorismo, movidos pela ansiedade de que as músicas não agradassem, claro! Bom, eu sim, ele não sei, já que é anarco-budista assumido e nunca dá pra saber muito bem o que se passa com ele...
Graçasaosdeuses, não optamos nem pela ordem estabelecida e muito menos pelo randômico. Fomos mexendo tudo, ali, ao vivo, jogando as músicas, curtindo-as e dançando simultaneamente... E sem perceber, fomos Djs e, ao mesmo tempo, convidados, já que a parceria nos permitia também dançar as nossas músicas - Djs interativos! Ao final, meu parceiro pareceu feliz. Pra ele, a nossa escolha também foi fruto do aleatorismo. Talvez tenha razão. E viva o anarco-budismo!
E viva festa, o ambiente mais aleatório que conheço, onde, tudo pode acontecer, e acontece mesmo! ( Babados só revelo sob tortura!) Onde o ser brincante, gaiato e alegre que nos habita, mostra as caras e nos diverte, merecidamente numa epifania coletiva! E viva o Adriano, em seus 40 anos de vida, que pretendeu fazer uma festa que, ao final, virou rave! Olha o aleatorismo aí de novo! E viva a Amy que deve tá fazendo festa no céu, ou no inferno, ou em outro lugar aleatório do espaço!
Saiba mais sobre anarco-budismo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anarquismo_budista
Namastê
Anasha
Bsb julho 2011
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