"As palavras sem afeto nunca
chegarão aos ouvidos de Deus."
(William Shakespeare)
Penso na impossibilidade da expressão do afeto. Já escrevi sobre o assunto antes, no texto “O dragão arrogante ou a sina da menina” de 2005. O tema persiste.
O humano é naturalmente afetivo, carrega em si essa força. Imagino quanta carga de energia será necessária pra represar o afeto... Os trajetos internos percorridos rastreando as quantas miúdas e potentes nascentes de afeto... sendo obstruídas lentamente... E depois quantos anos para fazer o caminho de volta, meudeus...
Isso vai acontecendo com a gente. Nascemos afetivos e se não tomamos cuidado morremos secos de afeto. Sempre que, naturalmente, me vem o impulso de beijar, abraçar, acarinhar alguém e eu o permito, alimento profundamente minha alma, minha menina, meu deus, minha carne...
Entrei 2011 assim, rodeada de gente que amo, alimentando-me. Divaguei um pouquinho sobre a diversidade daquela gente, suas características, desejos, jeitos. Os detalhezinhos, as peculiaridades de cada um, que justamente os fazem amados... Logo cansei do exercício mental e simplesmente senti o amor, o amor em mim dirigido aquele povo todo...
Dia desses, teclando com um amigo, jogamos “as melhores coisas do mundo”: a cada frase minha seguia-se uma dele e assim ficamos um tempão, mergulhados em nós, pescando do fundo, as coisas que realmente nos são importantes... Ver os filhos se divertindo; escutar música; caminhar no mato; assistir a um filme que mexe comigo e sair do cinema de carro, passeando chorando, berrando; parir meu filho; a preparação de uma festa até a festa; rir, rir de chorar; conhecer gente interessante; fuçar as histórias do passado da família; pôr do sol na praia; estar grávida de uma idéia, projeto, amor; dormir de conchinha...
Me lembrei de quem sou e sem perceber, recheei-me de afeto, por mim.
Gracias a la vida!
Anasha
Vale conferir Deleuze falando do amor: http://www.youtube.com/watch?v=OlnJL4Mv1vM
http://www.youtube.com/watch?v=OlnJL4Mv1vM
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Quem sou eu
Na sopa-eu tem a loucura macarrônica dos italianos do Norte, o instinto lúdico dos índios do Mato Grosso,a sagrada luxúria de habitar um corpo-fêmea nesse mundo doido e ainda arte, desejo, curiosidade, liberdade, volúpia, vento, silêncio...
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3 palpites:
É, nada melhor que a 'onda do mar do amor que bate na gente'....
Olá Anasha!
Linda postagem, postagem de gratidão à vida reconhecendo o que ela trouxe!
Não tem como contar as bênçãos do Senhor; são muitas! O que há é ingratidão em não reconhecê las!
Prazer em estar aqui!
“Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)
Gostaria de lhe convidar para que comentasse o meu conto “O CAMINHO PARA A CASA DE PORTINARI”. Ok?
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
Anasha, achei muito legal o seu comentário na minha postagem. O fato de você dizer que cortaria o primeiro parágrafo fez-me olhar novamente para o texto: Não o corto, pois ele é algo muito pessoal, ele é a minha maneira de ver a arte. Tudo é arte em minha visão. E o artista é alguém que se apropria da criação ao seu modo, e assim “cria”.
Você é uma pessoa autêntica e isso é muito bom. Um grande abraço e muito obrigado. Gostaria de ter sua presença por mais vezes em meu blog. Abraço!
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